As estruturas clínicas estudadas pela psicanálise e que
norteiam a clínica psicanalítica diz respeito a Neurose Histérica (Os sintomas
fazem a conversão no corpo), Neurose Obsessiva (Os sintomas revelam-se em um
processo de repetição intrincado, que o DSM-IV irá definir como TOC), as
Psicoses - Maníaco- depressiva, esquizofrenia e paranoia – (Os sintomas
revelarão um afastamento da realidade, os delírios, alucinações) e Perversão (Os sintomas irão revelar um prazer sádico). A “escolha” da
estrutura clínica continua como objeto de pesquisa, embora o
desenvolvimento das fases e a formação do recalque e do superego sejam potencializadores.
Essas estruturas são compreendidas como estruturas de defesa, construídas no processo de
desenvolvimento do sujeito, são permeadas pelos sintomas, que são
representações dos recalques - retorno
do recalcado - de vivências
que foram traumáticas ao longo da vida.
A compreensão de arquitetura
psíquica estende-se do
inconsciente, (abriga os conteúdos que não foram possíveis de resinificar,
elaborar) o superego (a lei, a censura) e o consciente (aquilo do qual afirmamos
como consciente).
As fases do desenvolvimento do sujeito:
Oral – o prazer pelos alimentos e tudo que
a criança leva à boca, desenvolvimento da fala.
Anal – desenvolvimento do controle
esfincteriano: o prazer ou desprazer em expelir partes do seu corpo.
Genital – descoberta das diferenças
anatômicas entre meninos e meninas. Inicio da masturbação, descoberta do
próprio corpo.
Na triangulação do
Édipo; pai, (cuidador ) mãe (cuidadora ) filho, situa-se a escolha do
objeto sexual no processo de identificação.
Na descoberta do outro,
enquanto separado, está situado a questão do narcisismo,
que em um primeiro momento direciona toda a pulsão de amor para si mesmo e no
percurso do desenvolvimento para os objetos.
Importante ressaltar que os conflitos vivenciados ao longo dessas fases
e a intensidade do recalque,
da castração, da lei (imersão na cultura) irão
potencializar as estruturas de defesa. O tempo dessas fases, embora possa
compreender períodos biológicos, lembramos, que o tempo no inconsciente não é o
tempo biológico, podendo permear por toda a vida a fixação em uma fase.
A direção clínica situa-se:
Transferência – a relação com o analista.
A livre associação – associação entre os sintomas, fala
e vivências primárias.
Diagnóstico Diferencial – qual ou quais estruturas em questão.
A cura pela fala – ao falar o sujeito se escuta.
Quando falamos de Bipolar estamos falando de mania e depressão. Dessa
forma o Transtorno do Humor (Transtorno Bipolar I e II) podem situar-se dentro de
qualquer estrutura clínica em maior ou menor intensidade. Mesmo porque de
alguma forma haverá traços de mania, depressão, delírio em todas as estruturas
de defesa.
Quanto à questão do diagnóstico diferencial que o DSM – IV coloca em
relação à definição de Bipolar I, período distinto de humor anormal, seja com
autoestima inflada ou grandiosidade, redução da necessidade de sono, pressão
por falar, esquecimentos, atenção desviada, agitação psicomotora, envolvimento
excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para consequências
dolorosas. O episódio pode ser misto (mania e depressão). A perturbação
do humor é grave a ponto de causar danos a si mesmo a terceiros, ou existem
características psicóticas. Essas diferenciações podem ser encontradas em todas
as estruturas, podendo ser pontuais, circunstanciais.
Em relação à definição de Bipolar II, histórico de um Episódio
Depressivo Maior, ou Episódio Hipomaníaco ou não ter ocorrido um Episódio
Maníaco ou um Episódio Misto e não deve haver indícios de Psicoses, também
podem ser encontrados nas estruturas clínicas e o que irá diferenciá-las é o
maior ou menor afastamento do ego em relação à realidade.
Quando a psicanálise compreende esse outro em sofrimento psíquico, é um
outro, sujeito de sua história, com sua subjetividade, complexidade,
abarcando nessa arquitetura psíquica o simbólico, imaginário o real, que
confluem-se no que Lacan designa por nó borromeano, imerso na cultura da qual
faz parte. Encerrá-lo em uma categoria é sentencia-lo, muitas vezes para o
resto de sua vida. Quando pensamos em estruturas, pensamos de forma dialética,
possíveis de serem reelaboradas e que os sintomas são possíveis de serem senão
curados de todo, mas acolhidos, acalentados, atenuados, no sentido de diminuir
o sofrimento psíquico, embora muitas vezes com os recursos psíquicos que o
sujeito dispõe estabelecer um processo de cura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário