3 de janeiro de 2017

O difícil caminho da paz...



Los zaireen (peregrinos) del Imam Hussain ع
Escrito por Ibrahim Muhammadi e narrado por Karam Jeelani

Muitos são os documentários, registros históricos acerca das peregrinações religiosas, espirituais, em diversas partes do planeta. Todos com muitos olhares, leituras, significados. A história da peregrinação de Najaf e ao santuário de Hussein em Karbala no Iraque, remete a complexa tragédia que envolveu al-usayn ibn ‘Alī ibn Abī Ṭālib, sua familia e amigos em 623dc. Hussein, é venerado pelos muçulmanos xiitas, porque ele se recusou a jurar lealdade a Yazid o califa Omíada, porque ele considerou o estado dos Omíadas injusto. Então deixou Medina, sua cidade natal, e viajou a Meca. 
“O povo de Kufa enviou cartas a ele, pedindo sua ajuda e comprometendo-se com sua fidelidade a ele. Ele viajou para Kufa. Em Karbala sua caravana foi interceptada pelo exército de Yazid. Ele foi morto e decapitado na batalha de Karbalaem 680dc por Shimr Ibn Thil-Jawshan. O memorial anual para ele, sua família, seus filhos e sua As'haab (acompanhantes) é chamado Ashura. Hussein e seu irmão Abbas ibn Ali foram os últimos descendentes de Muhammad que  falou: “quem ama o amou e quem odeia tem o que odiava”.”
“Muhammad comparou o nascimento milagroso de Jesus com a criação de Adão - que nasceu sem uma mãe, sem o pai – e assim como profeta, trouxe sua filha Fátima, o filho da lei Ali ibn Abi Talib, e os seus dois netos, Hasan e Husayn, e voltou para os cristãos e lhes disse: "Esta é minha família, o (Ahl al-Bayt)" e ela é sua família coberta com um manto. No Alcorão Muhammad falou sobre igualdade racial e justiça. As diferenças tribais e nacionalistas foram desencorajados. Mas após a morte de Muhammad, as velhas diferenças tribais entre os árabes começaram a ressurgir. Após as guerras romano-persas e as guerras bizantino-sassânidas e as, raízes profundas da diferenças entre o Iraque, anteriormente sob o império persa sassânida, e da Síria, anteriormente sob o império bizantino, também existia. Cada um queria a capital do estado islâmico recentemente estabelecido para a sua área”.
“O estado que Muhammad estabeleceu foi de acordo com a jurisprudencia econômica islâmica. Os direitos das diferentes comunidades, instituiu uma série de direitos e responsabilidades para os muçulmanos, judeus, cristãos e as comunidades pagãs de Medina, trazendo-os dentro da tampa de uma comunidade. A Constituição estabeleceu: a segurança da comunidade, a liberdade religiosa, o papel de Medina como um lugar sagrado (com exceção de toda a violência e as armas), a segurança das mulheres, as relações tribais estáveis ​​dentro Medina, um sistema fiscal para apoiar a comunidade em tempo de conflito, os parâmetros para alianças políticas exógenas, um sistema de concessão de proteção das pessoas singulares, e de um sistema judicial para a resolução de litígios em que os não-muçulmanos também poderiam usar as suas próprias leis. Todas as tribos assinaram o acordo para defender Medina de todas as ameaças externas e de viver em harmonia entre si. Os mesmos direitos foram posteriormente aplicados a todas as comunidades como o estado expandido fora de Medina. No passado Ali, Hasan e Husayn tinha dado fidelidade aos três primeiros califas quando eles respeitaram estas condições. Mas Yazid I era opressivo e Husayn sentia que era seu dever religioso para confrontá-lo e enviar uma mensagem para as gerações futuras, no qual, governantes opressivos que tiraram os direitos das pessoas não deve ser dada a fidelidade”.
Dado esse pequeno relato histórico, https://pt.wikipedia.org/wiki/Husayn_ibn_Ali para compreendermos a dimensão dessa peregrinação de Najaf to Karbala, realizado por Safar e Roobani – viagens espirituais - Episódio 01. Algumas falas são expressivas por tocar a alma humana:
“É certo que viajar é uma grande maneira de aprender coisas novas... algumas viagens que só nos ensinam, deixam uma marca em nossos espíritos”. “Viajes a Medina, Mashad, Najaf, Karbala, Kadhimayn, Samara, Damasco são todas viagens espirituais”.
“...iremos juntos de Najaf a Karbala, também a pé”.
“Juntos com milhões de peregrinos que participam nesta caminhada cada ano... e tanta gente disposta a ajudar a estes viajantes eleitos”.
“Estes viajantes são os visitantes – os “zair” (peregrino) Del imam Hussein (Alahis Salam)...  estes peregrinos viajam de Najaf e Karbala a pé”.
“O número de pessoas reunidas para ajudar a estes visitantes e o nível de serviço sincero que proporcionam é inédito... me perguntei por um segundo, se estes provedores de serviços eram seres humanos ou alguns outros seres mundanos?”
“Ou foram enviados por Allah para prover serviço ao zair dos mártires de Allah e ao rei dos mártires. Esta viaje de Arbain, de Najaf e Karbala, toma cerca de 3 a 4 dias, em que participam pequenos, grandes, idosos, mulheres, homens, todos tomam parte.
Esta viagem começa em Najaf-al-ashraf, desde o santuário de León de Allah, El Imam Ali (as) e termina no santuário de seus filhos, Maula Hussein (as) e Maula Abbas AS)”.
“...mais de dois milhões de peregrinos chegam a a Karbala para render homenagem aos mártires de Karbala. O zair de Imam vem de diferentes partes do mundo. Tem suas próprias maneiras de mostrar sua devoção depois de chegar a alli”.
“Em Arbain, pessoas de diferentes cores e raças, provem de diferentes países, demonstram seu amor aos mártires de karbala conforme suas próprias tradições, Demonstram seu amor aos mártires de karbala  conforme suas próprias tradições. Cada olho está molhado, e cada coração está desgarrado pela dor. Em Arbain todo mundo tem um método pessoal de expressar sua dor”.
“Nesta larga caminhada de 3 a 4 dias milhares de pessoas se reúnem em toda a rota para ajudar a estes zaireen. Tentam que nenhum zaireen enfrente a menor dificuldade”. “E inclusive se há um momento de esgotamento ou de angustia em qualquer momento, o zair não se encontra só e sim ajuda nesse momento.
Se alguém está cansado e quer descansar todas as casas no caminho se abrem para ele”.
“E os donos das casas se convertem em serventes para os zaireen. Estas casas tem  a melhor das instalações, para satisfazer todas as necessidades del zair. Café da manhã, chá, camas, mantas e inclusive presentes especiais para carregar os telefones dos zaireen. A satisfação em seus rostos depois de servir os zaireen, é o olhar que se tem a crê-lo. Aqui ninguém te pergunta sobre sua religião e tua seita. Aqui cada zair é um honrado. E cada zair é tratado como realeza. Se alguém quer ver a unidade e quer ver os ensinamentos do santo profeta sendo seguidas, ele pode participar nesta caminhada em Arbain e ver”.
“Depois de ver tudo isto, tenho me dado conta de que quando um muçulmano, ou seja, todo ser humano é honrado, independentemente de sua religião ou seita, não pode haver divisões profundas dentro do Islam. Depois de olhar tudo aqui estou agora muito seguro, que a imagem da violência e o ódio são só o resultado de conspirações estrangeiras. Aqui claramente vi a verdade, que o enorme repeito por todos os seres humanos é uma grande parte do Islam e este tipo de serviço e respeito não se encontra em nenhum outro lugar. Dando refugio a todos os peregrinos pelo caminho, dando-lhes chá, café, água, e incluso panuelos”.
“A esta comunidade que abre suas portas e corações para o serviços aos zaireen (peregrinos), ofereço minhas saudações. Pessoas que não tem nem uma casa para dar aos zaireen, nem comida, nem nada mais, também estão comprometidas em servir aos zaireen, as vezes massageando seus pés e outras vezes alentando-os e animando-os”.
“Os serventes dos zaireen, como se chamam a si mesmos, se apressam a servir aos visitantes ao santuário de Imam Hussein (as), como se estivesse conseguindo um grande tesouro por fazê-lo. Não deixam uma só oportunidade de servir aos importantes convidados de Imam. E não tomam nenhum dinheiro ou favores dos zaireen por seus serviços. Se alguém quer dar dinheiro, se enfadam e pedem aos zaireen que não os mantenham longe das recompensas de Imam Hussein (as)”.
“Tenho visto a gente asistir ao zair do Imam Hussein (as) e Hazrat Abbas (as) com tanta humildade. Quando vi que um homem, com extrema humildade, se coloca de joelhos, distribuindo dàtiles aos zaireen, também com sua filha, como se pedisse aos zaireen, que passe por ela para dar-lhe a oportunidade de servir-lhes. Allah é grande!”
“Ao longo de todo o caminho, gritos de ya zair, ya zair, ecos no ar. Por toda parte os serventes dos zair vem pedindo ao zair de Hussein: oh! Zair, toma algo de nós outros! Oh! Zair dá-nos a oportunidade também! Come algo, bebe algo, descansar por um tempo em nosso lugar. Vos outros sois os amantes do profeta y sua progênie! Vos outros vais para El ziarat do neto do profeta. Se Vos outros estais felizes com nosotros, inclusive da maneira más pequeña, seria o maior logro de nossas vidas!”
“Tanto respeito! Tanto respeito  e honra! Para que?  Só porque ele é um zair deste oprimido Imam, que foi martirizado, sedento neste deserto! Este respeito é em realidade do neto do profeta! Do invicto Abbas, o portador da bandeira, dos mártires da Karbala, de seus seguidores, de seus amantes”.
“Depois de olhar esta inspiradora viagem prometamo-nos, respeitarmos um ao outro como sempre foi, porque todos somos seguidores do profeta e sua família e somos seus amantes, deixemos acordar, que vamos aprender a renunciar e serviremos a humanidade com todo que temos e não deixaremos de mover uma pedra para fazê-lo”.

Depois de refletirmos sobre a Arquitetura Psíquica do ódio, colocamos nosso olhar nessa peregrinação e no quanto todos nós enquanto humanidade, irmãos, seja qual for à denominação de fé, estamos longe da profunda caridade, irmandade, e paz. A dor que nos corroí faz com que construímos muros, onde deveria haver passagens, construímos preconceitos, onde deveria haver tolerância, empatia, construímos desrespeito onde deveria haver cuidado com o outro, construímos intolerância onde deveria haver compreensão, construímos traição onde deveria haver lealdade, construímos maldade onde deveria haver bondade. A peregrinação a Karbala, nos ensina que nessa forma de expressão da espiritualidade, se colocarmos nosso olhar atento e fino, estão todas as formas de manifestação espiritual, com talvez, pequenas diferenças, se é que essas existem. Ao mudarmos o olhar vamos enxergar o quanto à humanidade clama por uma forma justa de viver, o quanto clama por uma espiritualidade que lhe dê paz e encha os corações de amor. Que 2017 seja uma pequena fagulha de tempo, um tempo, que não se conta, mas importante, na construção dos corações de amor.