“Indubitavelmente,
objeções foram amiúde levantadas à asserção feita por Stekel de que, em sonhos
e associações, nomes que têm de ser encobertos parecem ser substituídos por
outros que se lhes assemelham apenas por conterem a mesma sequência de vogais.
Uma analogia notável, contudo, é proporcionada pela história da religião. Entre
os antigos hebreus, o nome de Deus era tabu; não podia ser falado em voz alta,
nem registrado por escrito. (Isto está longe de ser um exemplo isolado da
significação especial dos nomes nas civilizações arcaicas.) Esta proibição foi
tão implicitamente obedecida que, até o dia de hoje, a vocalização das quatro
consoantes do nome de Deus [Y H V H] permanece desconhecida. Ele era, contudo,
pronunciado ‘Jehovah’, sendo suprido pelas vogais da palavra ‘Adonai’
(‘Senhor’), contra a qual não havia tal proibição. (Reinach, 1905-12, 1 1.)”.
Em muitos
de seus escritos Freud analisa a “palavra”, aquela que é falada ou pensada,
sempre na sequência do que deve ser escondido ou revelado pelo psiquismo. Nesse
trecho a questão das vogais, não é diferente. Quando uma letra é omitida seja
em sonhos, na fala, na escrita, há que pensarmos o que ela esconde, realizar
seu percurso, se possível até sua revelação.
Referência
FREUD,
S. – A
SIGNIFICAÇÃO DAS SEQÜÊNCIAS DE VOGAIS (1911), Obras Completas de
Psicanálise - volume VII. Rio de Janeiro, Imago-1996.
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