15 de maio de 2016

Poesia - Ave Ferida


Ave pequena,
ave ferida,
voa com sua tristeza,
voa com suas feridas,
seu coração deseja,
apagar da memória
as lembranças,
seu coração deseja,
curar suas feridas.
Ave que voa solitária,
longe de sua “casa”,
o perdão existe em seu coração,
mas, não há arrependidos...
e o tempo que parece esquecer,
retorna para lembrar a dor,
que ainda sangra,
mas a eternidade cura!
Myriam’aya 

14 de maio de 2016

Consciente e Inconsciente - suas incógnitas


...”ser consciente não pode ser a essência do que é psíquico. É apenas uma qualidade do que é psíquico, e uma qualidade inconstante — uma qualidade que está com muito mais frequência ausente do que presente. O psíquico, seja qual for sua natureza, é em si mesmo inconsciente e provavelmente semelhante em espécie a todos os outros processos naturais de que obtivemos conhecimento”.

...”a consciência é apenas uma qualidade inconstante. Mas há ainda uma objeção com a qual temos de lidar. Dizem-nos que, apesar dos fatos mencionados, não há necessidade de abandonar a identidade entre o que é consciente e o que é psíquico: os chamados processos psíquicos inconscientes são os processos orgânicos que há muito tempo foram reconhecidos como correndo paralelos aos mentais. Isso, naturalmente, reduziria nosso problema a uma questão aparentemente indiferente de definição. Nossa resposta é que seria injustificável e inconveniente provocar uma brecha na unidade da vida mental em benefício da sustentação de uma definição, de uma vez que é claro, seja lá como for, que a consciência só nos pode oferecer uma cadeia incompleta e rompida de fenômenos”. Freud - (1940 [1938])

12 de maio de 2016

O Lugar e o Tempo

No velho teatro grego, realizar no outro e pelo outro aquilo que em seu ser latejava como necessidade, é o que é fundamental. Esse lugar de expectadores “passivos” em muitos momentos se contrapõe em expectadores raivosos, cheios de ódio, narcísicos, impossibilitados de empatia.  As redes sociais possibilitam que cada um seja também um ator, representando um papel, que na maioria das vezes é um “fake”, um fotografar a si próprio em um gozo narcísico. “Vende-se” a própria imagem e a vida privada. Os sentimentos e conflitos mais profundos são expostos sem nenhuma privacidade. “A rede cura”. Essas são as relações coisificadas, o “mercado dos sentimentos”, sem empatia ou compaixão. O ego é o centro, no qual o narcisismo mascarado de auto piedade e vitimismo, se revela.   A alienação se reflete, de um povo exilado em seu próprio país como o povo Saharaui, exilado em seu próprio país, o Marrocos, na região do Saara Ocidental e sobrevive quase que exclusivamente do auxílio de ONGs, e os refugiados do Nepal que lutam para sobreviver. Enquanto milhares de jovens estão sendo assassinados no mundo, “assistimos o espetáculo da violência como um produto, por onde cada um representa-se pelo seu viés perverso. Mas a vida no seu dia a dia é cruel para milhares de jovens, mães, pais. Há um desencontro subjetivo nos jovens. Eles sentem-se sem conhecimento, dizem não saber pensar, não saber encontrar um caminho, ou formar um juízo de valor. O silêncio nos fala de uma crise, de um luto. E agora? As crises são enigmáticas, mas espera-se que por piores que sejam seus frutos, eles apodrecerão, e das sementes nascerão árvores saudáveis. Se nos atermos a exegese da palavra crise (Período de manifestação aguda de uma doença. Manifestação violenta, repentina e breve.) Temos a mudança brusca produzida no estado de um doente, causada pela luta entre o agente agressor e os mecanismos de defesa. No sentido figurado: Momento perigoso ou difícil; período de desordem. Situação conflituosa; tensão. Expressão de ausência, carência. Crise de moralidade (Etm. do grego: krísis; pelo latim: crisis). Sinônimos de Crise: apuro, dificuldade, ataque, acesso, conflito, carência, queda. Podemos falar que esse é o nosso cotidiano circunstancial, em que cada sujeito e cada grupo pensante se insere. Há que cada sujeito, jovem, adulto, idoso se implicar nas mudanças necessárias sejam sociais, políticas ou econômicas. Mas para isso é imperativo o autoconhecimento, mesmo que seja superficial. Cada sujeito deve se interrogar em suas palavras e atos, a assumir as responsabilidades da sua humanidade, que lhe cabe no tempo e no espaço real e simbólico. Desabafar nas redes sociais não curam. No mínimo alimenta o narcisismo estrutural.