12 de maio de 2016

O Lugar e o Tempo

No velho teatro grego, realizar no outro e pelo outro aquilo que em seu ser latejava como necessidade, é o que é fundamental. Esse lugar de expectadores “passivos” em muitos momentos se contrapõe em expectadores raivosos, cheios de ódio, narcísicos, impossibilitados de empatia.  As redes sociais possibilitam que cada um seja também um ator, representando um papel, que na maioria das vezes é um “fake”, um fotografar a si próprio em um gozo narcísico. “Vende-se” a própria imagem e a vida privada. Os sentimentos e conflitos mais profundos são expostos sem nenhuma privacidade. “A rede cura”. Essas são as relações coisificadas, o “mercado dos sentimentos”, sem empatia ou compaixão. O ego é o centro, no qual o narcisismo mascarado de auto piedade e vitimismo, se revela.   A alienação se reflete, de um povo exilado em seu próprio país como o povo Saharaui, exilado em seu próprio país, o Marrocos, na região do Saara Ocidental e sobrevive quase que exclusivamente do auxílio de ONGs, e os refugiados do Nepal que lutam para sobreviver. Enquanto milhares de jovens estão sendo assassinados no mundo, “assistimos o espetáculo da violência como um produto, por onde cada um representa-se pelo seu viés perverso. Mas a vida no seu dia a dia é cruel para milhares de jovens, mães, pais. Há um desencontro subjetivo nos jovens. Eles sentem-se sem conhecimento, dizem não saber pensar, não saber encontrar um caminho, ou formar um juízo de valor. O silêncio nos fala de uma crise, de um luto. E agora? As crises são enigmáticas, mas espera-se que por piores que sejam seus frutos, eles apodrecerão, e das sementes nascerão árvores saudáveis. Se nos atermos a exegese da palavra crise (Período de manifestação aguda de uma doença. Manifestação violenta, repentina e breve.) Temos a mudança brusca produzida no estado de um doente, causada pela luta entre o agente agressor e os mecanismos de defesa. No sentido figurado: Momento perigoso ou difícil; período de desordem. Situação conflituosa; tensão. Expressão de ausência, carência. Crise de moralidade (Etm. do grego: krísis; pelo latim: crisis). Sinônimos de Crise: apuro, dificuldade, ataque, acesso, conflito, carência, queda. Podemos falar que esse é o nosso cotidiano circunstancial, em que cada sujeito e cada grupo pensante se insere. Há que cada sujeito, jovem, adulto, idoso se implicar nas mudanças necessárias sejam sociais, políticas ou econômicas. Mas para isso é imperativo o autoconhecimento, mesmo que seja superficial. Cada sujeito deve se interrogar em suas palavras e atos, a assumir as responsabilidades da sua humanidade, que lhe cabe no tempo e no espaço real e simbólico. Desabafar nas redes sociais não curam. No mínimo alimenta o narcisismo estrutural.

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