Ao longo da história ser jovem, mudam as faixas etárias, e
hoje está entre a faixa de idade dos 15 aos 24 anos; teve e tem vários
significados para as diversas culturas em seus momentos históricos. Os jovens
ao longo da história estiveram inseridos em suas famílias, seus destinos
influenciados por estas, sejam quais forem os sistemas políticos, econômicos em
que essas famílias estiveram ou estão envolvidas. Dos rituais de iniciação
através de lutas físicas, “provas” diversas, o uso da força, a dedicação aos
estudos e pesquisas, a arte, os jogos esportivos ou games lúdicos ou
patológicos, o uso de substancias psicoativas, enfim diversos objetos de
representação da vida em grupo e das estruturas psíquica. Assim a juventude
passa por diversos significados ao longo do tempo: força, coragem, habilidades,
virilidade, inovação, descobertas, irreverencias. A cultura de cada época
exerce influência, mas não é determinante, uma vez que o psiquismo traz a
história da hereditariedade, bem como o funcionamento próprio das estruturas psíquicas.
Há que ressaltar que a subjetividade da juventude, sua composição biológica,
onde os hormônios e redirecionamento dos objetos de amor são a ênfase para
algumas das características dos jovens. A influência da história ancestral que
habita a memória de cada indivíduo permeia o funcionamento psíquico,
influenciando seu destino e suas escolhas.
Um pequeno recorte do percurso da juventude desde as grandes guerras mundiais, em que a mulher deixou o cuidado prioritário do lar, dos filhos, para o mercado de trabalho, que precisava de mão de obra barata, e a reposicionava em relação ao seu lugar na família. Foi importante sua recolocação diante da relação em família, bem como na sociedade, na construção de sua autonomia. Mas se esse novo lugar do feminino discutiu sua sexualidade e significados, importantes de serem realizados, colocou-a frente a enigmas que a distanciam de sua feminilidade, sua função materna, sua essência biológica. Essa desconstrução materna contribui na formação de profundos conflitos psíquicos para ela e para os filhos. Tão pouco a desconstrução materna seja possível sem a desconstrução paterna. Por outro lado, a desconstrução paterna coloca em questão a virilidade masculina, a essência masculina, potencializando recuos em sua evolução intelectual e moral. Na medida em que busca em escala ascendente a confirmação de sua masculinidade, seja pela negação da mãe, como pelo grande acesso a pornografia, hoje tão em alta na internet, na prostituição, no alcoolismo e nas drogas, na troca de parceiras e parceiros. Quebram-se as fronteiras da lei subjetiva, e tudo é possível e permitido. E vamos estar diante de traços de uma estrutura perversa. Em cada cultura com suas características e significados. A família se redefine a ser um agrupamento que se encontram para dormir no mesmo local, com laços frágeis de afeto.
Alguns graduados do Direito propalam que a família é uma instituição falida. Isso é transformar uma máxima em um imperativo categórico. As novas configurações de família atendem a uma demanda econômica e política e a fomentação de novos produtos de consumo, pois os padrões de consumo são regidos pelas relações em sociedade e pelos interesses econômicos e políticos. Assim o movimento feminista colocou-se diante de questões difíceis, pois as mulheres em suas duplas ou triplas jornadas potencializa a família em um campo de luta e competição. A função pai, a função mãe está confusa, pois há uma subversão na lei subjetiva e seus significantes. É a geração que deseja a liberdade e seus filhos também, pois além das questões subjetivas que envolve a lei interna, temos uma geração de filhos, jovens, que possuem todos os objetos tecnológicos, mas não tem pais, foram educados pelas creches, babás, ou sozinhos, sendo “os donos da casa”. Eles gritam e são autoritários com os pais, os avós. A cultura da sabedoria “dos mais velhos” não existe. A relação dos filhos com os pais, não são de filhos, mas de iguais em autoridade. A geração sem pais, tudo pode, não trabalha, vivem ligado em sua maioria mais de 15 horas na internet, em festas, drogas e sexo. Propalam nas redes sociais que são a geração Y, Z, “nem-nem”, que não estuda nem trabalha. Hoje já ocupa as estatísticas em mais de 20% no Brasil. Os valores humanos estão “fora de moda”. É conseguir de qualquer jeito o que quer. Onde estão os pais? Vivendo a sua juventude supostamente “esquecida”. A casa, não é mais o lar, o “porto seguro”, a referência. Os papeis e funções estão confusas, em conflito. O filho conhece todas as transgressões do pai e da mãe. Como encontrar seu lugar?
Para que a juventude tenha o status de época da insensatez é necessário que as funções, os lugares sejam resgatados. O pai deve ser um educador magnânimo de coração. A mãe deve ser como a terra, doação e sabedoria. O respeito, a compreensão devem ser em todas as direções. Há que retomar o lugar de exemplo e referência que os pais já ocuparam, onde mesmo no erro dos filhos acolhe e ensina o discernimento entre o certo e errado, o justo e injusto. Teoricamente, se pensarmos em um adulto maduro emocionalmente, havemos de compreender que a única época que cabe a insensatez é a juventude, pela imaturidade que lhe é própria. Algum caminho de volta, ou alguns significados hão de ser resgatados ou resinificados, para não corremos o risco de caminharmos para a barbárie da vida fácil, sem trabalho, autonomia, valores morais e caráter.
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