“A antítese entre subjetivo e objetivo não existe desde o início”.
O mecanismo da associação permite a articulação dos conteúdos
revelados, seja pela fala ou ações em seus representantes inconscientes. É
assim que negar pode ser afirmar, pois a substituição de representantes, faz
parte da flexibilização da repressão que permite o alívio dos sintomas. Então o
mecanismo da negação permite que o inconsciente revele sentimentos, conflitos,
sofrimentos, que de outra forma não seria possível. Negar é uma forma de tomar
conhecimento dos sentimentos, sofrimentos reprimidos. O reprimido flexibiliza
ante ao teste de realidade, para se revelar. Pode ser uma primeira aceitação do
que está reprimido. Aceitar intelectualmente pela negação é um passo para
afastar a barreira da repressão. “Afirmar ou negar o conteúdo dos pensamentos”
faz parte do juízo de valor positivo ou negativo a ser enriquecida pela
reflexão, interpretação, interrogação. Isso diz respeito à confirmação da representação
na realidade, o que quer dizer excluir aquilo que pode ser ruim ou bom para a
auto imagem do ego ou para seu contato com a realidade. Esse teste de realidade
diz respeito se determinado conteúdo será integrado ao ego, se está como
representação no ego. Há que interrogar se o que é real é o interno ou o
externo ou as duas funções podem ser real, fantasiosas, delirantes. Como a
antítese entre subjetivo e objetivo não é possível, então um objeto de
satisfação deve possuir o atributo de “bom” no ego e no mundo social, ou
reencontrá-lo no social, o que nem sempre é possível. A linha “divisória” entre
as representações e o teste de realidade é ilusória e passa por deformações nos
movimentos de ação e reação, de afirmação e negação, da integração ou expulsão
de objetos pelo ego. Se afirmar os conflitos internos é caminhar para
integração e união do ego, negar é caminhar para destruição e negativismo.
Assim o inconsciente se revela de forma negativa quando a defesa não tem como
sustentar uma afirmativa.
Referência
FREUD, S. A NEGATIVA
(1925). Obras Completas de Psicanálise - volume XIX. Rio de Janeiro,
Imago-1996.
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