Muito se
fala sobre musica e terapia, ou a música enquanto instrumento terapêutico.
Quando pensamos em o inconsciente e a música, há que lembrarmos de que a
tonalidade exerce uma influência pouco estudada. Confúcio acreditava que a boa
música poderia ajudar a aprimorar o caráter do homem. Disse ele:
“A música
do homem de espírito nobre, suave e delicada, conserva um estado d’alma
uniforme, anima e comove. Um homem assim não abriga o sofrimento nem o luto no
coração; os movimentos violentos e temerários lhe são estranhos. Mais do que
isso: uma vez que os indivíduos são os materiais básicos de construção da
sociedade, a música também poderia afetar nações inteiras, melhorando-as ou
piorando-as”.
No filme
Atravessando a Ponte (O som de Istambul) – Fatih Akin faz um percurso pelo
mundo dos sons e começa por citar Confúcio: “Se alguém desejar saber se um
reino é bem ou mal governado, se a sua moral é boa ou má, examine a qualidade
da sua música, que lhe fornecerá a resposta. Para se entender a cultura de um
lugar você precisa ouvir a música que é feita ali”.
Como diz “a musica sempre conta tudo sobre o lugar.
Istambul é uma ponte cruzada por 72 nações”. A interessante fala de Orham
Gencebay de que “na música ocidental são usados os compassos 2/4, 3/4, 4/4 em
grupos de 3, por exemplo: 12/8 fica: 3, 3, 3... 3, 3, 3... 3, 3, 3... na
Turquia usa-se o compasso 5/8: 1, 2... 1, 2, 3... é o que chamam de “acento
turco”. 1, 2... 1, 2... 1, 2... 1, 2, 3... divide-se em 9 tempos. O
ocidente é limitado em termos de sons, porque não olha os sons do mundo”. Questão
interessante, pois o oriente não se desvincula da concepção filosófica que
permeia a Ásia que são os escritos de Confúcio e Lao Tsé, como se compreende os
números e dessa forma como se divide as tonalidades de forma que mantém a
harmonia da melodia no sentido da harmonia psíquica e espiritual. Importante
ressaltar que a música no oriente é emotiva, fala de sentimentos, que o
ocidente compreende em uma concepção materialista. É certo que a música
confere uma emoção diferente às vivências, imagens. Como se estas adquirissem
mais força. Fica a interrogação: Quais as tonalidades musicais do psiquismo?
Transcende a cultura?
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