“Mas assim como o arqueólogo ergue as paredes do prédio a partir
dos alicerces que permaneceram de pé, determina o número e a posição das
colunas pelas depressões no chão e reconstrói as decorações e as pinturas
murais a partir dos restos encontrados nos escombros, assim também o analista
procede quando extrai suas inferências a partir dos fragmentos de lembranças,
das associações e do comportamento do sujeito da análise. Ambos possuem direito
indiscutido a reconstruir por meio da suplementação e da combinação dos restos
que sobreviveram. Ambos, ademais, estão sujeitos a muitas das mesmas
dificuldades e fontes de erro. Um dos mais melindrosos problemas com que se
defronta o arqueólogo é, notoriamente, a determinação da idade relativa de seus
achados, e se um objeto faz seu aparecimento em determinado nível,
frequentemente resta decidir se ele pertence a esse nível ou se foi carregado
para o mesmo devido a alguma perturbação subsequente. É fácil imaginar as
dúvidas correspondentes que surgem no caso das construções analíticas” (Freud
1937, p.277).
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