2 de março de 2013

Direitos Humanos - "Carandiru gaucho"


A grande imprensa noticiou essa semana que “O Carandiru gaúcho' tem população maior que 40% das cidades do Rio Grande do Sul”. É assim que o Estado e suas instituições atendem os sujeitos que necessitam encontrar uma razão de viver. Essa é a “passagem ao ato do Estado.”  “Direitos Humanos”? para quem? Na história da humanidade sempre houve violência com seres humanos, que os colocam em situação de degradação física, moral, emocional. Mas, diz-se que no mundo “civilizado” isso são “exceções”, resquícios da “barbárie”. A situação do Presídio Central de Porto Alegre, hoje “Carandiru” já vem desde 1904, época da fundação.  Na época já havia superlotação. Em 2007 foi solicitada ajuda do governo federal, mas para que em uma cela para alojar 8 presos, sejam alojados 38 ao LONGO DE 109 ANOS e chegar ao estado que está hoje, quantos gestores públicos em todas as esferas existiram? Como irá se resolver esse depósito humano sem a intervenção de organismos internacionais? “Quando digo poder não se trata de detectar uma instância que estenda a sua rede de maneira fatal, uma rede cerrada sobre os indivíduos. O poder é uma relação, não é uma coisa”. Michel Foucault (1981 apud DOSSE, 2001: 223). Essa relação de subjugação sobre o corpo, o psiquismo do sujeito é da ordem do perverso. A história da humanidade e seus impérios está escrita sob o domínio do corpo e do psiquismo do outro. Outro esse que se revela no opressor. Em Arqueologia do Saber (pg.8) “Digamos, para resumir, que a história, em sua forma tradicional, se dispunha a "memorizar" os monumentos do passado, transformá-los em documentos e fazer falarem estes rastros que, por si mesmos, raramente são verbais, ou que dizem em silêncio coisa diversa do que dizem; em nossos dias, a história é o que transforma os documentos em monumentos e que desdobra, onde se decifravam rastros deixados pelos homens, onde se tentava reconhecer em profundidade o que tinham sido, uma massa de elementos que devem ser isolados, agrupados, tornados pertinentes, inter-relacionados, organizados em conjuntos.” Então quem vai contar a história e as realidades desses sujeitos “invisíveis,” destituídos de sua condição de sujeitos. 

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