26 de outubro de 2013

O Psíquico - anotações

“o psíquico é em si mesmo inconsciente, e o inconsciente é o verdadeiro psíquico”.

Se o inconsciente se comunica por livre associação, isso quer dizer que ele está todo o tempo flutuando, buscando ligações com o que lhe é semelhante. A necessidade de conhecimento, de autoconhecimento, de ultrapassar os próprios limites, mudar os próprios juízos, procurar novas formas de ser, de existir, de pensar, se sentir, de raciocinar, de usar as emoções, os instintos, a razão, procurar novos olhares, pontos de vista, está disponível para inverter os conceitos, de considerar novas hipóteses é que impulsiona nossa evolução como seres humanos. Se pensássemos ainda como nossos ancestrais ou nossos mestres, repetindo igual a papagaios não teríamos amadurecido, criado, transformado o conhecimento e a nós mesmos.

Nossa viagem é longa, talvez nunca termine. Quando pensarmos que chegamos a um momento aceitável, o horizonte nos revelará que andamos muito pouco. Comparado com o tempo no universo, nosso tempo no planeta é muito pequeno. A psicanálise deu alguns passos para compreensão do enigmático e vasto mundo psíquico, principalmente no que se refere ao inconsciente. Mas é preciso sair das formulas, dos conceitos, dos “chavões”, de esconder-se atrás de palavras tais como “real”, “gozo”, “outro”, “corpo”, que nos afasta do psíquico, de  “nossas percepções, ideias, lembranças, sentimentos e atos volitivos”, memória, senso crítico, enfim tudo que fazem parte do psíquico e nos aproxima de sentimentos de egoísmo, arrogância, vaidade, e falar dos temas que estão em moda, para nos sentirmos mercadorias atualizadas. O que nos interessa é a "essência do psíquico”, e assim há que concluirmos, também, que essa deve ser a questão mais importante referente ao psiquismo, a qual ignoramos. Portanto tudo que dizermos sobre o funcionamento do sujeito estará apenas tangenciando o mesmo, a ser “salvo” pela “qualidade de ser consciente”.

O que influencia o psíquico, não é só a herança genética, mas, sobretudo aquilo pelo qual cada um é influenciado desde a concepção e que de certa forma, constitui sua essência  até então, ou seja, o momento intangível da mente pensante, que não é possível apreender. Em que momento na tessitura da vida o pensamento surge é um enigma que irá perdurar, quanto maior for nossa parte inconsciente.

Os atos psíquicos estão em tudo que fazemos: lapsos se escrita, verbais, leitura, audição, são os atos falhos que assim se expressa por ser inconsciente. São esses atos e os estados alterados de consciência que demonstram que o consciente não é a única condição do psíquico, que grande parte dele é inconsciente. O fato de desconhecer a si próprio, e das reais causas de seus atos, é que o sujeito tem que se haver, com as interrogações acerca dos ligamentos dos fatos de sua vida. Podemos pensar o funcionamento dos conteúdos conscientes e inconscientes como uma onda que vai e vem de acordo com alguma articulação mnêmica. A consciência é uma luz, influenciada pelo inconsciente, que ilumina o tortuoso caminho da vida mental.

Referência
FREUD, S.  - ALGUMAS LIÇÕES ELEMENTARES DE PSICANÁLISE (1940 [1938]). Obras Completas de Psicanálise - volume XXIII. Rio de Janeiro, Imago-1996.

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