“o
psíquico é em si mesmo inconsciente, e o inconsciente é o verdadeiro psíquico”.
Se o
inconsciente se comunica por livre associação, isso quer dizer que ele está
todo o tempo flutuando, buscando ligações com o que lhe é semelhante. A necessidade de conhecimento, de
autoconhecimento, de ultrapassar os próprios limites, mudar os próprios juízos,
procurar novas formas de ser, de existir, de pensar, se sentir, de raciocinar,
de usar as emoções, os instintos, a razão, procurar novos olhares, pontos de
vista, está disponível para inverter os conceitos, de considerar novas
hipóteses é que impulsiona nossa evolução como seres humanos. Se pensássemos
ainda como nossos ancestrais ou nossos mestres, repetindo igual a papagaios não
teríamos amadurecido, criado, transformado o conhecimento e a nós mesmos.
Nossa
viagem é longa, talvez nunca termine. Quando pensarmos que chegamos a um
momento aceitável, o horizonte nos revelará que andamos muito pouco. Comparado
com o tempo no universo, nosso tempo no planeta é muito pequeno. A psicanálise
deu alguns passos para compreensão do enigmático e vasto mundo psíquico,
principalmente no que se refere ao inconsciente. Mas é preciso sair das
formulas, dos conceitos, dos “chavões”, de esconder-se atrás de palavras tais
como “real”, “gozo”, “outro”, “corpo”, que nos afasta do psíquico, de “nossas percepções, ideias,
lembranças, sentimentos e atos volitivos”, memória, senso crítico, enfim
tudo que fazem parte do psíquico e nos aproxima de sentimentos de egoísmo,
arrogância, vaidade, e falar dos temas que estão em moda, para nos sentirmos
mercadorias atualizadas. O que nos interessa é a "essência
do psíquico”, e assim há que concluirmos, também, que essa deve ser a
questão mais importante referente ao psiquismo, a qual ignoramos. Portanto
tudo que dizermos sobre o funcionamento do sujeito estará apenas tangenciando o
mesmo, a ser “salvo” pela “qualidade de ser consciente”.
O que
influencia o psíquico, não é só a herança genética, mas, sobretudo aquilo pelo
qual cada um é influenciado desde a concepção e que de certa forma, constitui
sua essência até então, ou
seja, o momento intangível da mente pensante, que não é possível apreender. Em
que momento na tessitura da vida o pensamento surge é um enigma que irá perdurar,
quanto maior for nossa parte inconsciente.
Os atos
psíquicos estão em tudo que fazemos: lapsos se escrita, verbais, leitura,
audição, são os atos falhos que assim se expressa por ser inconsciente. São
esses atos e os estados alterados de consciência que demonstram que o
consciente não é a única condição do psíquico, que grande parte dele é
inconsciente. O fato de desconhecer a si próprio, e das reais causas de seus
atos, é que o sujeito tem que se haver, com as interrogações acerca dos
ligamentos dos fatos de sua vida. Podemos pensar o funcionamento dos conteúdos
conscientes e inconscientes como uma onda que vai e vem de acordo com alguma
articulação mnêmica. A consciência é uma luz, influenciada pelo inconsciente,
que ilumina o tortuoso caminho da vida mental.
Referência
FREUD,
S. - ALGUMAS
LIÇÕES ELEMENTARES DE PSICANÁLISE (1940 [1938]). Obras Completas de Psicanálise
- volume XXIII. Rio de Janeiro, Imago-1996.
Nenhum comentário:
Postar um comentário