“A
psicanálise, é constituída por essa relação intersubjetiva que não pode, esgotar-se, pois ela é o que nos faz homens.
É, no entanto, o que somos levados a procurar exprimir, apesar de tudo, numa
formulação que dê a conhecer o seu essencial, e é justamente por isso que
existe no seio da experiência analítica algo que é propriamente falando, um
mito. O mito é o
que dá uma formulação discursiva a algo que não pode ser transmitido na
definição da verdade, porque a definição da verdade só pode se apoiar sobre si
mesma, e é na medida em que a fala progride que ela a constitui. A fala não
pode apreender a si própria, nem apreender o movimento de acesso à verdade como uma verdade objetiva. Pode
apenas exprimi-la – e isso de forma mítica”. O Mito Individual do
Neurótico - Lacan
A escuta analítica é uma escuta intersubjetiva
e que nos faz mais humanos. Por ser intersubjetiva é uma via de mão dupla, na
sua relação transferencial. A essência de sua relação é mítica, pois a fala é a
expressão de sentimentos, fantasias, emoções que são sentidas de forma única
por cada sujeito. O mito pertence ao indizível, que é preciso ser formulado em
um discurso, em palavras. É no vazio dos pensamentos, difíceis de serem
traduzidos em palavras, que se constitui as formas míticas e o mito.
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