“Nenhum leitor [da versão hebraica] deste livro achará
fácil colocar-se na posição emocional de um autor que é ignorante da linguagem
da sagrada escritura, completamente alheio à religião de seus pais — bem como a
qualquer outra religião — e não pode partilhar de ideais nacionalistas, mas
que, no entanto, nunca repudiou seu povo, que sente ser, em sua natureza
essencial, um judeu e não tem nenhum desejo de alterar essa natureza. Se lhe
fosse formulada a pergunta: ‘Desde que abandonou todas essas características
comuns a seus compatriotas, o que resta em você de judeu?’, responderia: ‘Uma
parte muito grande e, provavelmente a própria essência’. Não poderia hoje
expressar claramente essa essência em palavras, mas algum dia, sem dúvida, ela
se tornará acessível ao espírito científico”.
Freud, Prefácio à Tradução Hebraica - Totem e tabu - (1913-1914)
Esse belíssimo texto de Freud nos silencia sobre as
questões do sagrado.
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